terça-feira

Luto com tudo o que tenho. Forças vêm, não sei nem como, nem de onde. Luto contra o desafio de passar só mais este dia. Só peço que amanhã não custe tanto olhar-me. Saber quem sou e gostar disso. Tremo só de pensar no confronto com o próximo espelho.O medo que habitualmente me caracteriza já me apanhou de novo. Tão cedo não me vai largar. Rendida, recolho-me no canto da sala. Aquele corpo ali, que nem atrofio, atraso de vida, não me pertence. Não me sinto em mim. Não sou nada. Merecia total extinção.

Sítio sujo onde estou. Sitio sujo quem eu sou.

Hoje foi só espirrar. Não faz mal, eu gosto da Primavera:)

domingo

quinta-feira

Expressões



Sentavas-te a meu lado e juntos coloríamos cada espaço das folhas do caderno.
Cuidados que tinhas tu com as minhas canetas. Demorávamos em cada traço, cada linha. Cada pormenor era acrescentado com a ternura do capricho a que tinha direito.
Dizias que não sabias desenhar, mas entregavas a tua alma ao nosso cantinho.
Colorias o caderno da minha vida.
As folhas passaram. Essas ficaram em branco.
Uma e outra, e a que se seguiu. Todas elas em branco.
Explicas-me? Desapareces-te entre rabiscos dos nossos sonhos no fundo daquela página sem me dar sequer tempo para que eu percebesse a mudança.
Agora, casualmente cruzamo-nos. Já não há o nosso mundo. Aquele que pintavas cuidadosamente com as minhas canetas de cor.
As folhas, que se seguem umas às outras escondem-se atrás do rosto pálido e doente. Pedem-me salpicos de cor. Não lhos posso dar.
Vem, entra mais uma vez. Deixei o cantinho da folha dobrada. Nao consigo fazê-lo sozinha, por mais que repita para mim mesma que sou capaz. Não sou.
Vem, vem (re)colorir o caderno da minha. Traz as tuas canetas. As minhas estão irremediavelmente gastas.

sábado


sexta-feira


Era cedo estava
MUITO
MUITO
MUITO
FRIO.
Eu fingia atenção à aula de Matemática, e baixinho, como sempre, cantava. As notas, breves, astutas, escapavam-se, ao som do ritmo atrevido. Ela tocou-me levemente no ombro e aproximou-se. "a nossa vida é um musical" confessou. Parei. "mas não sei dançar". Assentiu com paciência "eu também não". Olhei para ela. Os seus ternos olhos sorriam(-me).

A nossa vida é um autêntico musical

terça-feira

Algo chegou


Não me lembro de me ter sentido tão feliz como naqueles dois pequenos dias. Encontrar pessoas que nos fazem felizes não é tão complicado quanto parece. A verdade não deve ser bem essa (eu tenho sérios problemas com ela que não posso negar), senão não existiam tantas pessoas infelizes. Mas depois penso: Então e para mim? Realmente, relembrando coisas que não interessam muito para aqui, é sorte quando encontramos os amigos que merecem um "a" maiúsculo. Vou repetir. Acho que encontrei os meus Amigos. Para trás, ainda não percebi bem como, já ficaram alguns que não posso deixar de chamar Amigos. Talvez a ligação seja ainda demasiado forte por me terem ajudado tanto, ou por nos conseguirmos compreender e conhecer tão bem, como difícil que hoje isso o é.
Do nada, aquilo que tínhamos desapareceu, e agora é raro estarmos juntos . Surpreendentemente apercebo-me que não são menos importantes para mim do que eram, e tenham a certeza de que vão ser sempre aquela amizade especial que já não existe, mas que também não esqueço, talvez porque não acabou mal. Acabou por nada, por razão nenhuma, e é isso que a torna tão única.
Agora, falando apenas dos Amigos que me são chegados, estou feliz, ou mais ainda. Poucos mas definitivamente bons.
Existem doces momentos em que estamos tão bem, como se não houvesse nenhum outro lugar onde preferíssemos estar. Acontece de tempos a tempos, e é das melhores coisas que podemos sentir. Penso que aí está o verdadeiro -agora sim- significado da palavra "inspirada". Voltámos a respirar e por isso agora que inspiramos, sentimos o ar a entrar, e tudo o que antes passava sem termos sequer tempo de dar por isso. Acho que aí estamos a viver tal como é suposto. Tal como, o que quer, ou quem quer que seja que esteja aí, quer que vivamos. O que estou a tentar transmitir não é o que chamo um assunto propriamente fácil de compreender, por isso é que estou aqui numa dura conversa com as palavras. Peço desculpa, a escrita não é de todo, a minha melhor forma de expressão.
O que quero dizer é que, há coisas que de tão simples até custa a crer que signifiquem por vezes, tanto. Breves momentos que tenho o prazer de poder observar dos que mais adoro, fazem-me crescer uma "forcinha" cá dentro e um sorriso Gigante que parece que chegou para ficar. Nesses momentos sinto-me inspirada. Já dou conta do ar que respiro, e qualquer coisa que faça, tenho a feliz consciência de que me vai sair bem. Desejo que fique assim para sempre, e inocentemente sinto que não vai mais acabar. Que os segundos sejam anos e tudo continue sereno, parado, perfeito. Sempre, sempre, sempre.